sábado, 31 de maio de 2014

Transplantes

O que é um transplante?


Assista a vídeo aula no YouTube. Muito interessante.

Processo de retirada de células, tecidos ou órgãos, chamados enxertos, de um indivíduo e a sua inserção em um indivíduo (geralmente) diferente.

Função: Os transplantes são utilizados para suprir o déficit funcional do receptor.

Limitação: Resposta imune do receptor ao tecido doado - Rejeição.

Tipos de enxertos



Enxerto autólogo ou auto-enxerto:

l Transplantado de um indivíduo para si mesmo.
l Não se desenvolve reações de rejeição.

l Exemplos:
Ø Ponte de Safena/Mamária
Ø Enxertos de pele


Singênicos

Transplante de órgãos ou tecidos entre indivíduos geneticamente idênticos (gêmeos):

l Não se desenvolve rejeição


Alogênicos ou aloenxertos

Transplantes entre indivíduos geneticamente diferentes porem da mesma espécie:

l Grande maioria dos enxertos.
l Enxerto é rejeitado.
l Antígenos são chamados de aloantígenos.


Xenogênicos

l Transplantes entre indivíduos de espécies diferentes.
l Enxerto fortemente rejeitado.
l Antígenos são chamados de xenoantígenos.
l Suprimento de órgãos é muito menor que a demanda.
l Interesse em transplantar órgãos de outros mamíferos em Seres Humanos.


O Transplante Alogênico

l O receptor do enxerto é capaz de reconhecer as células do doador e montar uma resposta contra elas.
l Os principais responsáveis pelos processos de rejeição são as moléculas do complexo de histocompatibilidade principal (MHC).
l Essas moléculas são codificadas por genes altamente polimórficos que são amplamente expressas.


As moléculas do MHC alogênicas são reconhecidas pelas células T do receptor de duas formas:

1- Apresentação direta è Onde o MHC alogênico é apresentado intacto ao TCR por Células Apresentadoras de Antígenos (APCs) do doador.


Apresentação Direta

Moléculas do MHC alogênicas com peptídeo ligado podem imitar o determinante formado por uma molécula de MHC própria e peptídeo estranho.

2- Apresentação indireta

l Onde o MHC alogênico é processado e apresentado como um antígeno comum por APCs do receptor.


Antígenos de histocompatibilidade secundários:

l Outros antígenos do aloenxerto também podem ser apresentados pela via indireta.
l Esses antígenos induzem uma rejeição fraca ou mais lenta que o MCH.

Aula sobre Complexo Principal de Histocompatibilidade


Ativação das Células T aloreativas

A ativação de linfócitos T alorreativos depende da apresentação dos aloantígenos por APCs do doador presentes no enxerto ou APCs do receptor que captam e apresentam aloantígenos.

Células T CD4+ aloreativas se diferenciam em células efetoras, migram para o local do enxerto e o destroem principalmente através das reações de hipersensibilidade tardia.

l Células T CD8+ alorreativas ativadas pela via direta se diferenciam em CTLs e destroem células do enxerto que expressam MCHI alogênico.
l CTLs gerados pela via indireta NÃO destroem diretamente as células estranhas pois são restritas ao MHC próprio.


Mecanismos efetores


Mecanismos efetores da rejeição a aloenxertos

Os aloenxertos estimulam respostas de células T e B semelhantes às respostas imunes a antígenos protéicos convencionais, porém com algumas particularidades. O reconhecimento do aloantígeno por células T leva a proliferação e diferenciação de linfócitos virgens em células efetoras, que migram para o enxerto e medeiam a rejeição.

Paralelo ao reconhecimento dos aloantígenos, a ativação de células alorreativas é coestimulada pela presença das moléculas B7-1 e B7-2, as citocinas CD80 e CD86 respectivamente. O bloqueio destas citocinas, é uma importante estratégia terapêutica de imunossupressão. A ativação de células B alorreativas ocorre sob os mesmos mecanismos de apresentação indireta de antígeno.

Os mecanismos efetores responsáveis pela rejeição de aloenxertos pelo sistema imunológico são mediados, juntamente com as citocinas inflamatórias, por três células: as
células T alorreativas CD4+ (MHC II) que levam a produção de citocinas inflamatórias, ou seja, resultam em processo inflamatório semelhante a reação de hipersensibilidade do tipo tardia; células T alorreativas CD8+ (MHC I) que levam a ativação do linfócito T citotóxico (matam células nucleadas do enxerto) e a produção de citocinas inflamatórias; e células B alorreativas que produzem os aloanticorpos.

A rejeição de enxertos é classificada com base nas características histopatológicas ou no curso temporal e são chamadas de:

l Rejeição Hiperaguda
l Rejeição Aguda
l Rejeição Crônica


Rejeição Hiperaguda

l Caracterizada pela oclusão trombótica dos vasos sanguíneos do enxerto em minutos ou horas após o transplante.
l Anticorpos pré-existentes do receptor se ligam aos antígenos endoteliais do doador.
l Exemplo: aloanticorpos contra antígenos do sistema ABO.

Mecanismo: Anticorpos do Hospedeiro + Antígenos Endoteliais do Doador → Ativação do Complemento → Lesão Endotelial → Adesão e Agregação de Plaquetas → Trombose → Oclusão Vascular → Lesão Isquêmica Irreversível.


Rejeição Aguda

l Lesão vascular e parenquimatosa mediada por L.T e anticorpos
l Os L.T respondem aos aloantígenos em células parenquimatosas.
l As células T causam lise direta das células do enxerto (CD8+).
l Produção de citocinas è Inflamação è lesão do enxerto (CD4+).
l Padrão histológico è Necrose da parede dos vasos com inflamação aguda.

Pode ser classificada em celular, quando mediada por células T → morte mediada por Linfócito T Citotóxico, levando a necrose do parênquima do enxerto, ou humoral, quando mediada por anticorpos, que se ligam ao HLA levando a uma trombose intravascular.


Rejeição Crônica

l Intensa produção de citocinas por Macrófagos
l Proliferação de células musculares lisas da íntima
l Oclusão arterial
l Estas lesões podem ser causadas por reações de DTH contra aloantígenos da parede vascular.

Mecanismo: Secreção de citocinas → Proliferação de células vasculares endoteliais e células da musculatura lisa → Comprometimento do fluxo sanguíneo do parênquima do órgão (isquemia) → Dano Tecidual → Fibrose.


Prevenção e tratamento da rejeição

l A principal forma de tratar ou prevenir reações de rejeição é a imunossupressão.
l Drogas imunossupressoras que inibem ou destroem os linfócitos T.

Drogas Imunossupressoras



Tipos de Imunossupressores:

Estas são as medicações imunossupressoras geralmente utilizadas nos transplantes:

Princípio Ativo - Nomes Comerciais ®

Azatioprina -
Imuram®
Tacrolimo -
Prograf® , Tarfic® e Tacrofort®
Ciclosporina -
Sandimmum® e Sigmasporim®
Prednisona -
Meticorten®, Artinizona®, Corticorten®, Flamacorten®, Predson®, Prednax®, Prednis, Predcort® e Precortil®.
Micofenolato de Sódio -
Myfortic®
Micofenolato Mofetil -
Cellcept®
Everolimo -
Certican®
Sirolimo -
Rapamune®


ESQUEMA TRIPLICE

A combinação de medicamentos, geralmente em esquema tríplice, ou seja, com três imunossupressores, visa garantir melhor eficácia do tratamento, pois cada um deles tem mecanismos de ação diferentes e a combinação possibilita usar doses mais seguras, evitando eventos adversos.


Corticoesteróides

l Diminuição da Inflamação
l Bloqueio de citocinas
l TNF
l IL1

Imunossupressão Inespecífica/Susceptibilidade a infecções

Transplantes especiais


Transplante de medula óssea

l Células hematopoiéticas indiferenciadas pluripotenciais.
l Aplicação:
   Ø Defeitos adquiridos em células sanguíneas ou células do sistema imune.
  • Ø Correção de enzimas eproteínas defeituosas (Hb).
  • Ø Leucemias.
  • Ø Para que as células do transplante ocupem nichos na medula do receptor é necessário.
  • Ø Um pré-tratamento (Radiação/Quimioterapia).
  • Ø As células indiferenciadas são rejeitadas fortemente.
  • Ø Há a necessidade de uma imunossupressão quase completa do receptor.


Doença Enxerto x Hospedeiro (GVHD)

l Causada por Linfócitos T maduros enxertados no inóculo de medula contra os aloantígenos do hospedeiro.
l Morte de células epiteliais na pele, no fígado e no trato gastrointestinal.


Imunodeficiência pós transplante de medula óssea

l Causada por:

Ø Incapacidade de gerar um repertório completo de linfócitos.
Ø Número e variedade de progenitores insuficiente.
Ø População de células supressoras “desmascarada” pela irradiação.


Transfusões Sanguíneas

l Forma de transfusão onde células sanguíneas são transferidas.
l Principal barreira è resposta contra antígenos de superfície.
l Sistema ABO, antígeno Rhesus (Rh), Antígeno Lewis.
l Ausência do antígeno è produção de anticorpos naturais contra ele.


Transfusões errados levam a:

Ø Ligação de anticorpos às células transfundidas.
Ø Fagocitose extensiva de hemácias opsonizadas
Ø Ativação do complemento
Ø Lise intravascular
Ø Insuficiência renal devido a hemoglobina
    Ø Coagulação intravascular
    Ø Hemorragia

O fator Rh e a Eritroblastose Fetal



l Causada por respostas a antígenos Rh presente em hemácias.

l Necessita de sensibilização prévia.


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